Alameda da Universidade, Lisboa

105 anos desde a Guerra de Independência da Irlanda

22-01-2024
Dáil Éireann (Agosto 1921) National Library of Ireland
Dáil Éireann (Agosto 1921) National Library of Ireland

21 de janeiro de 1919, é comumente referida como a data que marca o desabrochar do conflito armado entre a revolucionária República da Irlanda e o Reino Unido como efeito da iminente independência irlandesa.

Nesta data, o partido recém-eleito, Sinn Féin, reúne o governo irlandês, que, por seu decreto, tinha agora sede em Dublin em vez do Parlamento Britânico. É então fundado o novo parlamento irlandês, o Dáil Éireann, e proclamada a independência irlandesa enquanto nação. No mesmo dia, dois membros da polícia irlandesa ao serviço da administração britânica foram assassinados pelos Irish Volunteers, uma organização paramilitar nacionalista. Uma declaração de independência é publicada e é emitida uma mensagem às "nações livres do mundo" onde o governo solicita o reconhecimento internacional do estatuto independente da República e declara que o estado de guerra entre a Irlanda e o Reino Unido somente terá fim com a total evacuação das forças armadas britânicas do território irlandês. Do culminar destas tensões eclode a Guerra de Independência da Irlanda que só terá fim dois anos depois.

O conflito termina em 1921 com a declaração de um cessar-fogo e a assinatura em 1922 do Tratado Anglo-Irlandês que previa a criação do Estado Livre Irlandês e da Irlanda do Norte que permanecia predominantemente unionista. No entanto, a paz na ilha não subsistiu, tendo pouco tempo depois eclodido a Guerra Civil Irlandesa entre apoiantes e opositores do tratado.

A luta irlandesa pela independência permanece particularmente inspiradora enquanto movimento separatista, perseverando orgulhosamente a sua memória até aos dias atuais. Ao relembrar estes acontecimentos é impossível evitar uma reflexão sobre a opressão, o imperialismo, o nacionalismo e a violência que inevitavelmente se procede. O apelo irlandês pela independência sublinha a importância de princípios como a autodeterminação dos povos e a igualdade de direitos, e como tais, infelizmente, são consecutivamente desrespeitados pelas demais potências europeias.


Mariana Santos

Núcleo de Estudos Europeus da Universidade de Lisboa
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