Alameda da Universidade, Lisboa

Alemanha manifesta-se contra a extrema-direita

09-02-2024
Fonte: Euronews
Fonte: Euronews

É impossível negar a ascensão dos partidos de extrema-direita em vários países europeus. Na Alemanha, no passado dia 10 de Janeiro, foi dado o alerta pelo jornal de investigação "Correctiv" que em Novembro do ano passado havia sido realizada uma reunião secreta em Potsdam, perto de Berlim, onde se discutiu a deportação de milhões de estrangeiros da Alemanha. Entre os participantes da reunião encontravam-se vários membros do partido AfD, ("Alternativa para a Alemanha"), um partido de extrema-direita que tem vindo a subir nas sondagens desde a sua criação. A divulgação destas informações conduziu a uma onda de indignação por parte da sociedade alemã, que se tem manifestado contra o partido, durante os últimos dias, a uma escala nacional.

O AfD é um partido radical que tem vindo a ser alvo de críticas desde a sua criação devido á sua política extremista: são conhecidos pelas suas posições discriminatórias contra imigrantes e refugiados, particularmente muçulmanos, mas também pessoas que não sejam de origem alemã. Defendem a saída da Alemanha da União Europeia (Dexit) e do euro para dar lugar a uma Alemanha mais isolada do mundo e fechada sobre si e sugeriram que o país deveria alterar a sua política externa para passar a ter aliados mais a leste, uma clara referência à Rússia. É também o único partido com assento parlamentar que é negacionista das alterações climáticas e do papel humano no seu combate. Na União Europeia pertencem ao Partido Identidade e Democracia no qual se incluem outros partidos de extrema direita europeus como o "Rassemblement national" (Frente Nacional em português) Francês, o "Lega" Italiano e os portugueses do "Chega".

Estas posições que constantemente chocam a sociedade alemã por irem contra os valores que a Alemanha se comprometeu a defender após a segunda guerra mundial, não impediram o "AfD" de alcançar o valor preocupante de cerca de 20% dos inquiridos nas últimas sondagens a afirmar ter intenção de votar no partido que mesmo com algumas disparidades entre estados demonstra um claro crescimento.

A preocupação dos alemães intensificou-se a partir de 10 de Janeiro após a notícia da reunião em Potsdam ter sido publicada, levando a uma onda de protestos por todo o país, aos quais se juntaram milhões de pessoas. Gritam "Juntos contra o Fascismo" e "Nunca mais, é agora", uma referência clara ao nazismo.

Nesta reunião secreta encontraram-se cerca de 30 pessoas, membros do AfD, membros de vários grupos neonazis e identitários alemães e austríacos e empresários. O objetivo da reunião seria apresentar o plano de deportação a que chamaram de "Remigração" e obter financiamento por parte dos empresários para o plano.

Discute-se agora na Alemanha a ilegalização deste partido por ser antidemocrático. As opiniões dividem-se entre os que consideram urgente a sua ilegalização devido à história do país e os que pensam que avançar com a ilegalização apenas iria levar o partido para a clandestinidade e aumentar o discurso de vitimização dos membros do partido que se queixam de estar a ser silenciados.

Não só na Alemanha, mas um pouco por toda a Europa, inclusive em Portugal, os partidos de extrema-direita estão numa tendência de aumento generalizada que deverá ser combatida para que não tome proporções que afetem a integridade das instituições democráticas e os direitos conquistados no passado.


João Lopes

Núcleo de Estudos Europeus da Universidade de Lisboa
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